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Hora de Ler: A forma da Água - Guillermo Del Toro, Daniel Krauss


Fala galerinha, tudo bem? Destaque no Oscar como melhor filme (dentre outros prêmios) hoje iremos conhecer a obra que inspirou o filme mais comentado do momento, vamos descobrir o motivo disso tudo. Preparados?
Richard Strickland é um oficial do governo dos Estados Unidos enviado à Amazônia para capturar um ser mítico e misterioso cujos poderes inimagináveis seriam utilizados para aumentar a potência militar do país, em plena Guerra Fria.
Dezessete meses depois, o homem enfim retorna à pátria, levando consigo o deus Brânquia, o deus de guelras, um homem-peixe que representa para Strickland a selvageria, a insipidez, o calor - o homem que ele próprio se tornou, e quem detesta ser.


Para Elisa Esposito, uma das faxineiras do centro de pesquisas para o qual o deus Brânquia é levado, a criatura representa a esperança, a salvação para sua vida sem graça cercada de silêncio e invisibilidade. Richard e Elisa travam uma batalha tácita e perigosa.

Enquanto para um o homem-peixe é só um objeto a ser dissecado, subjugado e exterminado, para a outra ele é um amigo, um companheiro que a escuta quando ninguém mais o faz, alguém cuja existência deve ser preservada.

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Esse é daqueles em que se termina a leitura em estado de transe, sem saber o que falar sobre de tão gratificante que foi a experiência. Sem dúvidas foi um dos livros mais aguardados por mim desde que tive notícia dele no final do ano, felizmente respondeu as minhas expectativas e talvez tenha ido um pouco além.
Uma obra que gira em torno da fantasia, mas que explora os mais variados gêneros literários, lidando com vários assuntos paralelos ao romance da criatura com a servente, indo muito além de uma história de amor, colocando valores humanos a prova em diversas situações, muitos conflitos e brigas envolvendo o ego sem esquecer a parte poética da coisa, ou seja: Uma verdadeira obra prima!

Com uma pegada mais madura, conhecemos a história até então sem graça de uma servente muda, cientistas de um laboratório que guarda muitos segredos e em paralelo a família dele mais sem graça ainda. Todo o cenário muda com a chegada do Monstro (de início acompanhamos a expedição de Strickland na Amazônia para capturá-lo) e a partir daí que a magia toda tem início.

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De um lado temos a ambição de um cientista que está ali para cumprir sua missão de trazer o Monstro, estudá-lo e ver como poderá ser útil na guerra; um espião russo infiltrado que desde o início demonstra compaixão a Criatura, e que tem uma história tensa: ele está ali para investigar os trabalhos realizados pela Occam sob pena de perder os pais que estão na Rússia caso não cumpra com o contratante; e a mais importante história: a de Elisa com o Devoniano.

No meio disso tudo são mostrados retratos da sociedade naquela época, onde as mulheres não tinham voz (e isso não é uma piada com Elisa), o machismo imperava, os avanços científicos estavam ainda começando e existia uma guerra entre a Rússia e os Estados Unidos sobre quem seria a maior potência tecnológica. Ainda temos representatividade com o melhor amigo de Elisa, um pintor gay que naquela época era um escândalo! Ele tinha um ótimo emprego mas foi flagrado num bar fazendo indecências com outro homem (estava segurando a mão do seu parceiro em público) e assim demitido por justa causa de uma das maiores companhias de arte de Baltimore.

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Strickland vive um dilema no qual culpa a Criatura por todo fracasso que ele mesmo proporcionou á família, e acredita que com a morte do mesmo tudo poderá voltar ao normal, como era antes de ir para a Amazônia 17 meses atrás. A realidade do "pós guerra" e tudo o que ele presenciou na floresta tem um impacto muito grande na sua vida agora, e ao invés de um cientista brilhante, temos uma mente frustrada e amedrontada.

Uma escrita ágil, muitas vezes poética principalmente na parte Elisa-Criatura, e pasmem: a Criatura também narra o livro! Isso torna a obra ainda mais ampla conseguindo dar conta de todos os aspectos, gêneros em que "passeia" e fechando com maestria todos os assuntos abordados durante a narrativa.
5 estrelas fácil!


Quotes:

As criaturas mais inteligentes — diz ele com delicadeza — são as que geralmente fazem menos sons. 

amanhã seu peito com certeza estará machucado devido ao martelar feroz de seu coração. 

A lista de tarefas está cheia de espaços em branco, não preenchidos, assim como sua vida.

Qual seria a sensação de se sentir alguém? De repente, existir não apenas em seu mundo, mas no de outra pessoa também? 

Que espécie vamos exterminar em seguida? Nós mesmos? Tomara que sim. Merecemos esse destino. 

Todos não temos permissão para pequenas vaidades, em especial quando elas agradam a uma pessoa de quem você gosta?
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