Em seu elogiado livro de estreia, Garrard Conley revisita as memórias do doloroso período em que participou de um programa de conversão que prometia “curá-lo” da sua homossexualidade.
Garrard — filho de um pastor da igreja Batista, criado em uma cidadezinha conservadora no sul dos Estados Unidos — foi convencido pelos próprios pais a apagar uma parte de si.
Em uma tentativa desesperada de agradá-los e de não ser expulso do convívio da família, ele quase se destruiu por completo, mas encontrou forças para buscar sua identidade e hoje é ativista contra as terapias de conversão.
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Nunca imaginei que poderia ser um livro tão cruel no que se refere á conversão sexual, por muitas vezes me senti pesado lendo aqueles relatos, que segundo o autor nem são os "reais" dado que ele não poderia de maneira alguma registrar nada durante a estadia na Amor e Ação então esses relatos são apenas MEMÓRIAS, não quero nem saber do completo se já fiquei assustado
Em relação ao livro ele tem um passo lento, é denso por conta do tema e por vezes perde o fio da meada indo e voltando, representando a confusão em que o autor se encontrava naquele momento de sua vida, o que é bacana mas não ter uma linearidade atrapalha um pouco e o torna por vezes cansativo. Ele foca mesmo no tratamento dentro da AEA e fala pouco da própria vida (o que é o mínimo a se esperar de uma biografia/memória), o final é abrupto mas igualmente emocionante e a relação dele com os pais começa muito ruim e melhora gradualmente, é lindo ver a redenção deles com o filho, a aceitação de que não há nada de errado e "aquilo" não é uma doença.
De início a mãe é a mais compreensiva e se Garrard está vivo é por causa dela. O pai demorou muito para aceitar e acreditar nos métodos da instituição visto que era formada por membros da igreja, a ironia é que mais tarde o mentor deles fugira do país com O MARIDO....
Outra coisa esperada-não-entregue foram os podres da igreja tipo esses casos de hipocrisia que sabemos existir e são encobertos em nome da moral e bons costumes. Talvez por isso o filme não tenha dado tão certo em relação ao público que ainda não abriu a mente para aceitar as coisas e certamente teve preconceito/boicote por parte da comunidade cristã por lá fazendo com que não vendesse o suficiente e virasse um fracasso comercial. Mas eu assisti o filme e está MARAVILHOSO! Altamente fiel ao livro, a mesma atmosfera e com leves mudanças (nomes de personagens, algumas cenas que funcionam melhor nas telas) e a trilha sonora impecável.
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No chão com a beleza desse autor! Senhoooooooor me abana! |
Me lembrou um pouco Prayers for Bobby o primeiro filme LGBT que vi e chorei horrores. Os conflitos na mente do autor são reais, é muito transtorno que até hoje ele sofre por conta dessa terapia de conversão anos depois e com uma relação estável, mas ainda tem vários traumas. É simplesmente revoltante querer mudar uma pessoa por simples conveniência social quando o caminho mais fácil é aceitar as diferenças.
Leva 3 estrelas na avaliação final, eu esperei outra coisa mas ainda assim foi satisfatório.
Quotes:
Perguntas só prolongam a dor desses momentos e quase sempre ficam sem respostas.
Fazia parte de uma rotina de medo que a igreja usava.
Por que Deus me daria esses sentimentos se não quisesse que eu os sentisse?
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