Desde pequeno, Theo é fascinado por filmes de terror, mas sabe que eles
não são o suficiente para livrá-lo dos pesadelos intensos que o
atormentam, imagens tão vívidas que se confundem com a realidade. Junto a
Yuri, amigo com quem tem uma relação complicada e por quem nutre uma
paixão secreta, ele encontra uma maneira de dar vazão a esse lado obscuro,
e assim é criado o Visão Noturna, canal de internet dedicado a crimes
reais e eventos misteriosos.
Após desvendarem a morte brutal de uma mulher no interior fluminense, os
dois jovens precisam consolidar a súbita fama com um novo projeto. Por
isso, a bordo da kombi Rita Lee, eles partem para a região serrana do Rio
de Janeiro com o objetivo de filmar uma série documental em Itacira,
cidade repleta de lendas urbanas e acontecimentos sinistros desde sua
formação. Não demora muito para que Theo e Yuri entendam que os muitos
mistérios que rondam a cidade não ficaram no passado, e que seus moradores
podem esconder mais segredos do que estão dispostos a revelar.
Entre relatos de desaparecimentos, de assassinatos em série e de rituais
macabros, Theo emprega sua intuição aguçada e seu discernimento para
investigar o que se esconde por trás da fachada pacata do lugar.
Percorrendo um labirinto de ruas, histórias e personagens, seus passos
descortinam segredos há muito guardados, desafiam as dinâmicas de poder da
cidade e prometem revelar verdades terríveis ― inclusive aquelas que ele
esconde de si mesmo.
~
Que grata surpresa! A história começa muito bem numa pegada de suspense e
terror, aos poucos mesclando humor com pitadas de romance LGBT o que deixa a
trama balanceada dando também uma diversificada em momentos necessários pós
muito drama ou ação intensa demais.
Comparações são inevitáveis quando temos uma proposta brasileira (não é
complexo de vira-lata) e aqui temos uma obra nos moldes de Scooby-Doo
(inclusive a van deles, Rita Lee lembra muito a Mistery Machine) com muitas
referências a cultura local-nacional do Rio de Janeiro, ruas, localizações,
bares... Acredito que os moradores de Itacira ou mesmo do Rio puderam
aproveitar bem essa homenagem mas mesmo para nós que nunca fomos o autor
conseguiu aproximar a trama para a "nossa" realidade, fugindo dos nomes de
cidades americanas longínquas e frias.
O folclore é bem construído aqui com histórias bizarras de assassinatos,
superstições, matérias de jornais fictícias e tudo o que você imaginar que
possa criar uma atmosfera de dúvida "será que isso é real mesmo?" mais um
ponto positivo pro autor. No meio disso entra a "lore" católica de um dos
personagens que embora seja um pouco estranha na ordem cronológica e não faça
muito sentido de início se encaixa nos motivos finais para explicar o
acontecido maior de todos envolvendo o mistério da cidade, um padre, e corpos
que apareciam mutilados sem nenhum culpado aparente.
Um aspecto de "alta identificação" foi o fato dos meninos serem youtubers, com
as devidas proporções cabe muito na minha realidade, me deu até um gás para
voltar a postar vídeos falando de livros inclusive. Porém nem tudo são flores
e aqui fica o puxão de orelha na editora que mais amo nesse país: a revisão
deixou a desejar, talvez por questão de prazo, mas em muitos momentos me
deparei com erros gramaticais, palavras faltando letra, conjugações verbais
fora de hora, a falta de conjunções... Sei que é chato da minha parte ser o
nazi da gramática visto que nos posts do blog acontecem erros também, só que
no caso do livro atrapalha um pouco a experiência de leitura. Ás vezes eu
pensava estar entendendo errado tendo que ler novamente o trecho para
descobrir qual erro havia naquela parte do livro.
O romance é interessante, traz o casal típico do "inimigos apaixonados" embora
sejam melhores amigos aqui, mas um deles tem personalidade arredia que não
aceita o fato de estar apaixonado, e o outro está com os 4 pneus arreados por
ele. Para evitar spoilers paro por aqui, mas é até engraçado o desenvolvimento
desses dois, um acalento no meio de tanto sangue na trama.
No geral gostei apesar dos detalhes que levei em consideração, faz tempo que
não leio algo tão "próximo" a minha realidade assim embora esteja bem longe do
Rio mas acho que deu para entender meu ponto.
Apesar do dedo divino e da subida entre as nuvens, eu estava bem longe do paraíso.
levar uma informação a público pode ser a melhor forma de se proteger.
Segundo a minha experiência, o outro lado da moeda era sempre mais imundo e distorcido do que se podia esperar.
Religião e entretenimento é uma combinação poderosíssima, especialmente no Brasil.
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