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Hora de Ler: Me chame pelo seu nome - André Aciman


E aí galerinha tudo bem? Preparem os lencinhos pois o livro de hoje é carregado em todos os sentidos!
(Créditos da imagem)

A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver.

Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo.

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Sobretudo uma história de amor embora o autor conteste nas entrevistas também é um YA só que com uma estrutura um pouco diferente. Começamos a acompanhar a vida de Elio dos 17 até os 37 anos mais ou menos, os cenários descritos pelo autor são detalhados na medida certa sem chatear o leitor com imagens desnecessárias e a linguagem que ele usa ás vezes soa poética, isso foi um ponto negativo em relação a estrutura da narrativa.

Diferente da maioria dos livros com temática LGBT esse daqui não foca em problemas propriamente ditos, nem no romance que se desenvolve bem lentamente, para que o leitor possa conhecer bem cada personagem e vá degustando junto com o protagonista, um ótimo ponto de vista aliás. A graça do livro é o "joguinho" que eles fazem até que finalmente aconteça algo, o que mais tarde se mostra uma besteira pois poderiam ter aproveitado melhor esse tempo em que ficaram flertando.

O livro é inteiramente narrado por Elio, em formato de diário dividido em 4 partes.
O menino está perdidamente apaixonado e compartilha conosco todas as suas angústias em relação a Oliver, seus desejos, como faria para tê-lo ao seu lado, sem filtro e no melhor estilo de encantamento começamos a criar uma simpatia pelo menino que é extremamente imaturo e não condiz com as características dadas pelo autor ao longo da obra, não chega a ser um erro pois entendi a proposta, mas de início causa um estranhamento e até uma antipatia por ele.

via GIPHY

Oliver por outro lado é o anti-herói que faz e acontece, não está nem aí para nada apenas vive sua vida no máximo, e leva esse romance como sendo qualquer coisa, enquanto para Elio tem um peso bem diferente.

A beleza do livro está justamente nesse jogo da conquista, temos cenas "hot" aqui descritas com bastante detalhes, mas não é o foco e nem por isso tira a delicadeza da obra em si.
Ainda sobre a estrutura "poética" o autor força a barra querendo fazer poesia a todo instante, simplesmente abusou falando de cenas cotidianas ao invés de ter focado nas divagações de Elio por exemplo. Garanto que teria um efeito bem melhor, afinal ficamos tão habituados aquele formato que não tem mais o encantamento promovido pela poesia; ainda assim o livro tem uma linguagem "sensível" por se dizer.

Sem adiantar muita coisa mas a minha opinião oscilou MUITO durante a leitura, o final é bem... como posso dizer... acontece um fato lá que dá uma reviravolta em tudo e levamos um verdadeiro tapa na cara. A notícia boa (e o que eu mais esperava que acontecesse) é que Elio cria uma maturidade de fato, não foi acelerada, gostei do rumo que a história tomou apesar dos pesares e das lágrimas.

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O livro me tocou nos aspectos "amorosos" da trama, como ficamos suscetíveis ao amor, as sensações, o pensamento intenso no outro. Vários sentimentos vieram à tona devido a essa descrição do autor, muitas vezes me vi sendo retratado no livro, Elio muitas vezes "me representou" e isso é um ponto muito positivo.
Apesar de muitas críticas em relação ao ritmo da trama ele não é lento, muito pelo contrário, você não consegue parar de ler de tão envolvido que fica, e a divisão de capítulos nem chega a fazer falta.

As referências aqui são mais refinadas que o habitual, ao invés de cultura pop temos muitos autores clássicos, alguns dos quais nunca ouvi falar, muita música erudita, história "geral" da Itália, além de várias expressões em italiano devidamente traduzidas logo em seguida. Talvez por isso o autor não goste de ser classificado como "Young Adult" mas é tudo birra pois no final das contas é um YA diferentão, muito bem construído, sensível e em suma, lindo.

Sem dúvidas um livro de descobertas e amadurecimento.

Impossível dar menos de 5 estrelas, sem mais.


Quotes:

Existe uma lei em algum lugar que diz que, quando uma pessoa está completamente apaixonada pela outra, a outra deve inevitavelmente se apaixonar também.

Ao não planejar manter as coisas vivas, evitávamos a perspectiva de que elas poderiam morrer.

Tudo o que nos resta é o sonho e a estranha recordação.

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