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Hora de Ler: Feliz ano novo - Rubem Fonseca


Olá galerinha, tudo bem? Primeiro post do anoooo! Aproveitando o título do livro: FELIZ ANO NOVO! Mas vamos ao que interessa não é mesmo?

Considerado um dos principais livros de Rubem Fonseca, “Feliz Ano Novo” reúne contos repletos de violência com uma linguagem precisa e contundente que veio a se tornar a mais significativa marca autoral do escritor.
Uma dura crítica social numa obra que há quase quatro décadas se mantém atual e relevante, mostrando o motivo pelo qual Rubem Fonseca se tornou um dos maiores gênios da literatura de nosso país.

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Peso é uma palavra que cabe muito bem na descrição desse livro. Com uma linguagem rasgada, sem pudor nem limites, crua mesmo, Rubem Fonseca mostra através dos contos toda a podridão da sociedade em forma de crítica sempre com bastante violência, sexo e palavrão. Diferente de certos autores que querem chocar com cenas de sexo explícito e violência gratuita, aqui temos um contexto social, tudo faz sentido e há coerência, entendeu Sade? Obrigado.

Feliz Ano Novo é o conto que abre o livro e fala de um assalto planejado durante a virada do ano numa mansão com podres de ricos e o único intuito de "salvar" o réveillon dos ladrões.
Não sei nem o que dizer desse conto que foi o ponto de partida há 5 anos atrás quando tentei ler o mesmo livro e larguei por não aguentar a crueldade descrita em detalhes, é muita violência, sangue e no fim os ladrões comemoram na maior tranquilidade, o que nos deixa em choque. A diferença é que dessa vez eu sabia do conteúdo e fui mais preparado.

Dentre os outros temas abordados temos canibalismo em um conto visceral de uma família que segue uma tradição onde todo membro ao completar 21 anos escolhe uma pessoa para seduzir e em seguida matar para todos comerem numa mesa ritualística.

Um conto "queer" onde o patrão se veste de mulher e mantém isso em segredo até ser descoberto por acidente, esse é bem divertido dando um certo alívio cômico durante a leitura.

Tem ainda um maníaco que sai de casa num carrão para matar pessoas (mulheres) inocentes e volta para casa como se nada tivesse acontecido.

No final aparecem os mais curiosos e experimentais, tem um que fala de um amor platônico de uma fã com um escritor, ela se mata e tudo, é bem intenso. 2 em forma de entrevista, um deles supõe ser o próprio autor mais uma vez em forma de crítica devido á censura que o livro foi submetido na época de lançamento; e o outro é de uma mulher que foi traída na cara dura enquanto jantava com o marido e esse beijou outra em sua frente, bem gore.

O que todos os contos tem em comum é uma certa tranquilidade em meio ao caos, os personagens estão submetidos á uma situação de alto stress/violência mas no fim continuam a viver, simples assim. Isso não significa que temos finais felizes por aqui, longe disso. E pela primeira vez eu gostei de experimentação na literatura, não ficou pedante pois ele não faz o uso de palavras sofisticadas e deu um ar novo ao jeito de contar histórias.

Posso dizer sem dúvidas que comecei o ano MUITO bem, e vou continuar lendo a obra de Rubem por todo o ano, ao menos 1 por mês. Leva 5 estrelas e só recomendo a quem tem estômago forte.

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