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Hora de Ler: Cama de Gato - Kurt Vonnegut


E aí galerinha, tudo certo com vocês? Felizmente as leituras por aqui estão fluindo bem, e hoje trago um autor que conheci recentemente mas já sou apaixonado, preparados?!

A ciência pode mudar o mundo, para o bem ou para o mal.

É com isso em mente que um despretensioso escritor começa a trabalhar em um livro sobre um dia que mudou o curso da história: o bombardeio atômico no Japão.
O ponto de partida da pesquisa é o próprio inventor da bomba, o falecido cientista Felix Hoenikker, mas, ao tentar descobrir mais sobre essa figura histórica, o escritor acaba se envolvendo com o legado de Hoenikker e com a família do cientista.

Seu trabalho o guia então a inusitadas descobertas e reflexões sobre diversos aspectos da sociedade. Enquanto conhece novos personagens e até um desconhecido país caribenho com uma religião banida pelo governo , o protagonista passa por transformações pessoais e por reflexões sobre política, filosofia e religião.

Em uma história entrelaçada pelo que o narrador acredita ser, incontestavelmente, providência divina, personagens pitorescos de diversas nações vão se encontrar. Suas interações engraçadas e perturbadoras são parte do caminho que todos eles compartilham até seu destino inexorável.

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Quem acompanha o blog sabe como amei ter lido Matadouro Cinco ano passado, então não seria surpresa nenhuma ter escolhido outro título do autor para devorar, só que dessa vez fui com as expectativas bem altas esperando muito deboche e não foi bem isso que encontrei exatamente, mas não estragou de maneira alguma minha experiência com Kurt, muito pelo contrário.

Cama de Gato por incrível que pareça é um livro sério (ainda me contorço todo ao afirmar isso) pois tem como centro uma crítica social destinada aos religiosos no melhor estilo Vonnegutiano por assim dizer. Ele cria uma religião fictícia inicialmente sem pé nem cabeça e chama de Bokononismo que muito aos poucos começa a fazer sentido se você comparar com o que acontece na vida real.
Além disso tem um escritor como personagem principal como quase sempre acontece em suas obras, aqui o objetivo dele é relatar numa biografia detalhes do que o pai da bomba atômica estava fazendo durante a explosão em Hiroshima.

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Confesso que não foi dos que me arrancou tantas risadas quanto eu estava esperando, teve um efeito contrário de alerta pois apesar de o livro ser antigo a crítica é bem atual e se aplica facilmente aos dias atuais, e isso assusta um pouco. O Gelo-Nove é a grande sacada por aqui, senti falta de Kilgore Trout e seus personagens excêntricos mas essa nova arma química conseguiu roubar a cena além de ter transformado a obra em algo totalmente inesperado por mim, um rumo jamais pensado tornando-o mais perspicaz justamente por esse motivo.

Sem dúvidas vale a pena a leitura mas não espere o humor escrachado de Café da Manhã dos Campeões por exemplo, sinto que o autor quis nos colocar no local de refletir sobre a vida um pouco, mas sem deixar o deboche de lado. As tiradas existem mas são poucas, podem haver outras embutidas no contexto histórico da época ou quem é Americano entenderá melhor do que eu por exemplo.

Os capítulos foram outra novidade na obra pois são compostos de no máximo 2 ou 3 páginas, tornando a leitura fluida te impedindo de parar mesmo com muito sono você quer descobrir o que vem a seguir.
Sobre o Bokononismo é uma religião que não faz sentido nenhum na obra, assim como as religiões são na vida real. Fez sentido? Pois é. Lembrei de Pequenos Deuses de Pratchett, a diferença é que na obra de Pratchett a crítica é mais que direcionada, aqui Kurt conseguiu ser geral.

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Leva 3 estrelas pelas expectativas não alcançadas e por tornar a leitura um pouco normal demais. Vale a pena mas poderia ter sido bem melhor.



Quotes:

Quem for incapaz de entender como uma religião benéfica pode ser baseada em mentiras também não vai entender este livro.

Há amor suficiente para todos neste mundo, basta prestar atenção.

Pensem no paraíso que seria este mundo se os homens fossem bondosos e sábios.

Ele possuía um incrível talento para gastar milhões de dólares sem acrescentar nada à história da humanidade, a não ser desgosto.

“Maturidade”, diz Bokonon, “é uma grande decepção para a qual não há remédio, a menos que se possa dizer que uma risada resolva qualquer coisa.”

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