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Hora de Ler: Minha sombria Vanessa - Kate Elizabeth Russell


Minha sombria Vanessa - capa

Olá galerinha, tudo bem com vocês? O livro de hoje é daqueles que levantam muitas discussões devido aos temas polêmicos abordados, preparados?!
Em 2000, Vanessa Wye é uma estudante solitária de ensino médio. Talentosa e com o sonho de ser escritora, Vanessa diz não se importar de ficar sozinha, principalmente quando seu professor de inglês, Jacob Strane, um homem de 42 anos, começa a prestar atenção nela, elogiando seu cabelo, suas roupas e lhe emprestando alguns de seus livros favoritos ― como Lolita, de Nabokov. Antes que Vanessa perceba, os dois embarcam em uma relação e a jovem acredita que o professor a ama e a considera especial.

Mais de uma década depois, uma ex-aluna acusa Strane de abuso sexual, e Vanessa começa a questionar se o que viveu foi realmente uma história de amor ou se não teria sido ela também uma vítima de estupro. Mesmo depois de tantos anos, Strane ainda é uma presença constante em sua vida. Como ela seria capaz de rejeitar o que considera seu primeiro amor?

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Eu não estava preparado.
Definitivamente não é uma leitura leve que se pega no intuito de devorar embora a escrita da autora seja fluída, tenha um toque lírico e prenda a gente, esse é um livro que vai chocar no primeiro contato, te deixar nervoso no decorrer dos acontecimentos bem detalhados e com nojo em muitos, mas muitos aspectos mesmo afinal de contas trata de um relacionamento abusivo com uma menor acho que não preciso dizer mais nada né?
É absurdo o talento da autora em desenvolver personagens, momentos e uma história tão real, em nos indignara ponto de largar o livro por um momento.

Temos claramente uma relação de estupro visto que Vanessa tem 15 anos e não pode decidir nada legalmente, embora ela queira muito o professor "sugere" e manipula a menina o tempo todo usando de artifícios muitos baixos típicos de um abusador/psicopata para conseguir sempre o que deseja.
Em muitos momentos durante a história Vanessa demonstra confusão jurando que se trata de um namoro onde a idade dele não é problema, que mesmo sem vontade de transar ela se permite ser literalmente violada enquanto dorme só para satisfazer Strane... Tudo isso "por amor".

Fica claro com os flashes no passado que Strane só quis se aproveitar dela, mas a proporção criada por Vanessa fez com que ele realmente desenvolvesse um sentimento a mais por ela embora muito doentio e problemático. Diria que é uma relação predatória, nada além disso, mas a protagonista cega se apaixona pelo primeiro homem que a beija e leva isso para o resto da vida.

O livro tinha tudo para ser odiado devido ao teor citado, mas felizmente a autora explora tão bem o assunto com um ritmo típico de thriller que nos deixa curioso sobre o próximo capítulo, embora seja uma história difícil de digerir. Outro aspecto muito bacana são as referências literárias que aparecem visto que Vanessa estuda literatura, tão logo podem ser usadas como futuras recomendações (peguei algumas que não conhecia).
Os problemas familiares de Vanessa também são abordados, pais que dão atenção no sentido de se preocuparem com o futuro da filha mas não são muito presentes, colegas de classe que tem inveja dela, e desde cedo problemas com álcool.

Gostei da alternância entre passado e presente dando um contraste legal sem deixar a história cansativa, mostrando como funcionava a mente de uma adolescente e como é agora adulta (não mudou tanto sendo bem sincero), isso me deixou um pouco triste em relação as perspectivas de vida dela no início para o "agora" mas a vida é isso mesmo né?

Leva 5 estrelas pela maneira inteligente de tratar um assunto tão delicado, polêmico, tenso, os personagens muito bem desenvolvidos e com sérios problemas, a noção de realidade inexistente neles além de claro, as referências literárias. Vale a pena apesar de revirar o estômago, esteja preparado ao pegar a obra.



Quotes:

A verdade não oferece nenhum esconderijo. 

As pessoas arriscam tudo por um pouquinho de algo especial.

As desculpas que inventamos para os outros são absurdas, mas não são nada em comparação com as que criamos para nós mesmos.

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