Olá galerinha, tudo bem com vocês? Sei que estive longe durante o mês de
outubro mas prometo compensar, e nada melhor do que começar com um lançamento
não é mesmo?!
Justyce McAllister é um garoto de dezessete anos com um futuro brilhante pela frente. É um dos melhores alunos de uma prestigiada escola de Atlanta, tem uma mãe amorosa e um melhor amigo incrível. No entanto, um episódio de violência policial traz à tona que a distância entre ele e seu futuro é quase um abismo. Porque Justyce McAllister é negro, e isso significa que, muitas vezes, é julgado pela cor de sua pele.
Ao ser agredido e detido injustamente, o olhar de Justyce desperta para um novo mundo, um lugar solitário em uma sociedade que insiste em vê-lo como ameaça ou como promessa de fracasso. Ele se dá conta, então, de que não pode mais fingir que não tem nada errado e decide iniciar um projeto: escrever cartas para Martin Luther King Jr., um dos mais importantes ativistas políticos pelos direitos dos negros, símbolo da luta contra a segregação racial nos Estados Unidos, morto em 1968.
Ao tentar aplicar os ensinamentos de Luther King em sua vida, Justyce começa a trilhar um caminho para entender não só como deve reagir diante das injustiças, mas que tipo de pessoa ele quer ser. Em meio a questões familiares, desentendimentos com os amigos e complicações da vida amorosa, nas cartas ele expõe suas dúvidas, sua angústia, sua revolta e a percepção clara de que a sociedade não é tão igualitária quanto deveria.
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Ficam claras as intenções da autora que conseguiu entregar com maestria uma obra com alto grau de importância ao mesmo tempo despretenciosa ao falar de maneira tão aberta e detalhada problemas delicados, críticas sociais necessárias e mostrar um lado da luta ao qual não estamos muito acostumados - o das vítimas.
O livro já começa com uma injustiça (talvez o nome do protagonista Justyce não
seja coincidência) nos deixando de coração partido, sensibilizando com a dor
dele, o que é muito necessário nos dias de hoje.
Além de todo o problema
"com a justiça" o menino ainda tem os dilemas internos típicos da adolescência
tais como o anseio pela faculdade, mudar de vida, amizades duvidosas, um
relacionamento abusivo com "a gostosa" da escola e o crush numa menina que
está sempre disposta a ajudá-lo.
Em muitos momentos o livro me remeteu a série Olhos que Condenam por tratar do
racismo, abuso de poder da polícia, mas diferente do que acontece na telinha o
livro é mais "leve" se é que posso usar essa palavra, embora seja muito
intenso tendo tempo até para mortes no meio de toda história.
Ainda
falando de referências cito com facilidade os livros de Jason Reynolds,
ativista na luta com os livros
Fantasma
e
Daqui pra Baixo, que tem a mesma pegada desse, além de
Garoto 21
do Matthew Quick, ambos tocam na ferida por assim dizer.
Um dilema presente é o da Mãe de Justyce que abomina terminantemente
qualquer contato do menino com brancos, inclusive quando se diz a namoradas, e
por isso ele não quer ficar com Sarah Jane mesmo com o coração implorando por
ela.
A parte Martin poderia ter sido mais e melhor explorada, ficou só
uma idéia vaga do que poderia ter sido feito se o livro fosse um pouco maior
talvez. Foi um breve tributo onde eu esperei ter conhecido mais de Luther King
mas tá bom assim pois não satura.
A violência é outro ponto tocado pela autora. A questão das gangues e o motivo
delas existirem ficam bem claros o decorrer da leitura, fazendo sentido devida
a opressão dos policiais e preconceito da sociedade em geral.
Fica
claro que os negros nunca foram tratados com igualdade, principalmente nos
Estados Unidos e toda essa história de união não passa de farsa onde casos
recentes como o de George Floyd provam todo esse teatrinho americano.
Infelizmente
essas coisas não acontecem apenas por lá, aqui no Brasil o absurdo foi uma
cliente se
recusar a receber o delivery
por conta do entregador ser negro!
Mais do que um alerta, esse livro serve como aula para que nós possamos também aprender a respeitar o próximo, ter empatia e ajudar na luta pela igualdade racial, longe de ser mimimi essa é uma causa que merece atenção total da sociedade e principalmente do poder público.
Sem dúvidas leva 5 estrelas. Leitura maravilhosa e cheia de ensinamentos, deveria ser essencial nas escolas.
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