Olá galerinha, tudo bem com vocês? Voltei com mais um livro "fora da caixinha" que trata de música, não do jeito que imaginei mas ainda assim tem uma ligação indireta com. Bora conferir?!
Lendas do rock nunca fenecem. E tudo porque entregaram a vida às Luminosas, seres atemporais que se alimentam dos aspectos mais pungentes da devoção humana. Kurt Cobain? Lenda criada por Violeta. Sid Vicious? Gina. Jim Morrison? Marianne. No universo de Este é o mar , se tornar uma verdadeira lenda do rock envolve seres mitológicos femininos e um mundo intenso e sombrio, marcado pelo esquecimento e pelas lembranças que atravessam gerações.
Helena é uma das responsáveis por manter a engrenagem do fanatismo a todo vapor, incitando os jovens fãs humanos a darem tudo de si e a consumirem seu ídolo. No entanto, não quer ser apenas uma abelha operária. Para se tornar uma Luminosa, precisa criar uma nova Lenda. Agora, tendo a morte como aliada, sua missão é eternizar James Evans, o vocalista da banda Fallen — uma árdua tarefa em meio à era da fugacidade dos desejos.
~
Nos embalos de A Cachorra fui em busca de mais livros diferentes "no mesmo estilo" fora da caixinha pronto para ser surpreendido, foi exatamente isso que aconteceu ao finalizar a leitura, sem falar que agora quero tudo de Mariana Enriquez na mesa pra ontem!
Estranho é pouco para definir essa história, a forma como ela é contada e seus
personagens. Tem uma pegada de fantasia urbana que gosto muito sendo um pouco
confusa de início até nos ambientarmos naquele universo e sentir falta ao
concluir a história.
Muitas referências musicais e midiáticas são
postas, algumas explícitas e outras discretas mas que são de fácil
identificação (como a MTV por exemplo).
Interessante o caminho que a
autora fez para explicar o nascimento dos ídolos rockstars indo longe no
passado para contextualizar e nos convencer de que é assim o processo,
deixando até aquela dúvida se realmente é isso mesmo.
A questão do fanatismo parece absurda, coisa de livro, mas o que foi mostrado
na história não teve exagero nenhum, e justamente isso é o alimento das
Luminosas; a mitologia criada por vezes é assustadora, cruel, sombria para não
dizer o mínimo afinal envolve sacrifícios e o meio delas sobreviverem é
altamente predatório com os humanos. A efeito de comparação a última grande
onda que lembro de ter visto foi com Restart e Cine, há uns bons 10 anos
atrás, se houve algum outro estouro DO ROCK no Brasil estou bem
desinformado.
Em vários aspectos me lembrou as obras de Gaiman, seja O Oceano no fim do
caminho ou até mesmo Lugar Nenhum, ambas histórias misturam real com
imaginário, e Mariana foi muito feliz no que conseguiu criar e entregar aqui,
é literalmente surreal! Como eu AMO narrativas adolescente foi um prato cheio,
apesar de o livro não ser exatamente "adolescente" fala dessa fase de um jeito
único e visceral, só digo que vale MUITO a pena.
Ninguém os entendia exceto os outros fãs que também amavam e sobreviviam e viviam mais intensamente que a maioria dos humanos, salvo os religiosos. Mas os religiosos costumavam ser infelizes. E os fãs, não.
Isto é amor? — Para eles, sim. Para nós é uma doença.