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Hora de Ler: Como a música ficou grátis - Stephen Witt

Olá galerinha, tudo bem com vocês? A leitura de hoje é indispensável para os amantes da música ou quem trabalha com ela, estão preparados?!

Uma trama impressionante envolvendo música, crime, dinheiro e obsessão, cujos protagonistas são magnatas, pesquisadores respeitados, criminosos e adolescentes nerds fissurados em tecnologia.

Em Como a música ficou grátis, o jornalista Stephen Witt investiga a fundo a história secreta da pirataria de músicas na internet, partindo dos engenheiros alemães criadores do mp3, passando por uma fábrica de CDs na Carolina do Norte da qual um funcionário chamado Dell Glover vazou cerca de dois mil álbuns ao longo de uma década e também pelo centro de Manhattan, onde o executivo Doug Morris dominou o mercado mundial do rap, e depois se aprofundando pelos redutos mais obscuros da web até um site ilegal quatro vezes maior que a loja do iTunes.

Por meio desses personagens, o autor constrói uma narrativa empolgante, remontando ao momento em que a vida comum se imbricou irreparavelmente com o mundo virtual, quando de repente todas as músicas já gravadas foram disponibilizadas de graça na internet. Seguindo a tradição de escritores como Michael Lewis, Witt nos apresenta figuras inesquecíveis — inventores, executivos da indústria fonográfica, operários e ladrões — que transformaram toda uma forma de arte e revela o submundo dos piratas de mídias que revolucionaram o universo digital.

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Esse livro me chama a atenção desde o lançamento em 2016 se não estou enganado, tentei ler na época mas estava com outras expectativas e não rolou, deixei de lado e resolvi pegar novamente agora e fico MUITO feliz de ter dado essa segunda chance pois estou totalmente encantado!

Aqui ficamos sabendo dos "bastidores da indústria" por assim dizer, tudo que envolve a música desde a concepção a necessidade de novos formatos para codificar e tornar o arquivo mais leve, até a revolução digital trazida pelos hackers com os vazamentos de álbuns duas semanas antes do seu lançamento oficial, a criação do iTunes e a morte da mídia física que teve seu auge até o início dos anos 2000.

Confesso que de início o livro é bem truncado com muitas informações técnicas desinteressantes até para quem tem curiosidade, mas a escrita do autor é tão boa que consegue nos deixar curioso mesmo nas minúcias da criação do MP3, houve uma verdadeira guerra de titãs até se chegar no que temos hoje, e o mais interessante foi descobrir que existiam pesquisas datadas de 1950 com essa intenção.

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A parte mais fascinante se refere ao submundo da internet, onde o MP3 que até então estava morto ganhou uma popularidade fora do normal, fóruns no IRC (nunca usei) começaram a postar músicas até então inéditas no formato e apesar de poucos usuários terem acesso na época por se tratar de uma plataforma nem tão simples de usar, foi o suficiente para dar início a febre da pirataria.

Dois personagens de extrema importância entram aqui pois se não fossem as contribuições que eles deram talvez essa comunidade nem existisse, ou não tivesse se sustentado por tanto tempo. Glover e Dockery foram os responsáveis por vazarem uma quantidade absurda de lançamentos por estarem "infiltrados" trabalhando na fábrica de prensagem da Universal Music, de 1996 até 2009 eles tiveram acesso a TUDO que a Universal e seus selos lançaram, e consequentemente o submundo também pois tinham com antecedência, alta qualidade e gratuitamente.

Daí entra outro personagem importante: Allan Ellis que viu muito potencial na tecnologia do bit torrent e popularizou o acesso com seu site Oink Pink's Palace, ativo até 2007 quando a Interpol fechou o site definitivamente. Ele era responsável por todo o acervo de arquivos MP3 já postado na internet, com qualidade superior, organizado e seus usuários faziam parte de uma verdadeira seita alimentando o acervo seguindo regras muito restritas, mostrando que apesar de ser errado e pirata, tinha organização.

Napster, PirateBay e alguns sites que conhecemos hoje são descritos durante a narrativa, é bem legal e curioso o desenvolvimento deles, coisas que jamais passam pela nossa cabeça até ler sobre, para mim foi um verdadeiro deleite.

A outra parte da história se refere a indústria em si, os executivos da Universal e todos os trâmites legais que envolvem contratação de artistas, divulgação de material, a parte que vimos como consumidores finais, mas que não tínhamos a menor noção do funcionamento até então.
Perto do fim se torna enfadonho até mostrar a criação do VEVO, apesar disso é igualmente importante na trama.
É um pouco irrelevante citar os artistas pois além de não ser o foco do livro, qualquer coisa lançada nos anos de atividade da Scene e do OINK, qualquer coisa MESMO, tenha a certeza de que foi pirateado.

Não cheguei a usar IRC, Napster nem nada do que foi citado no livro infelizmente, pois aqui no Brasil tudo chega atrasado principalmente se tratando de tecnologia mas mesmo assim me identifiquei muito em várias passagens, e com a filosofia dos "piratas", que sem eles eu não teria contato com metade das coisas que conheço hoje em dia principalmente em relação ao PirateBay, que tive o "prazer" de acompanhar embates envolvendo direitos autorais recentemente (coisa de 7 anos atrás).

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Por fim recomendo demais o livro para quem se interessa pela indústria fonográfica como um todo, trabalha com música ou simplesmente ama/consome, pois vão rolar muitas identificações durante a leitura apesar de algumas partes que realmente são maçantes apesar de necessárias.


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