Olá galerinha, tudo bem com vocês? Demorei um pouco a trazer esse livro pois estou um pouco atarefado no momento e não estou podendo me dedicar 100% a leitura, mas vamos ao que interessa não é mesmo?!
Juan tem planos. Ele está prestes a sair de El Paso, no Texas, graças a uma
bolsa do time de basquete e vai fazer algo sozinho pela primeira vez - ou ao
menos tentar encontrar algo melhor do que o "apertamento" de Fabi, sua mãe,
com seu dedo podre para namorados, e um pai morto.
O basquete será sua
chance de ouro. Ele só precisa fazer acontecer.
Seu melhor amigo JD tem planos, também. Ele quer ser um cineasta, como Quentin Tarantino ou Guillermo del Toro (NADA DE Steven Spielberg). Uma câmera e sua paixão - o que mais ele precisaria?
Fabi não tem mais nenhum plano. Quando você fica grávida aos dezesseis e fica presa sendo bartender para ganhar a vida nos últimos dezessete anos, você se dá conta que não existem mais planos a serem feitos, e que algumas coisas não podem ser planejadas...
Como Juan fugir da polícia, como um tornozelo torcido, como tirar notas ruins
em matemática que poderá arruinar a chance de conseguir a bolsa.
Como
JD causando uma implosão na sua própria família.
Como cartas de um homem
chamado Mando no corredor da morte. Como encontrar esse homem que pode ser o
pai que sua mãe dizia estar morto.
~
Intensidade é o que consegue definir bem essa história, poderia botar complexidade também pois no decorrer da trama tudo vai fazendo sentido apesar de não se tratar de um thriller ou algo do tipo, mas as histórias dos personagens se entrelaçam e no fim das contas tudo vira uma coisa só e acho incrível quando o autor consegue construir um enredo dessa magnitude.
Confesso que no início a história é complicada pelo simples motivo de já começar na quadra de basquete com jogadas e termos bem detalhados, que para pessoas "fora do meio" como eu, facilmente se perdem, feliz foi minha insistência caso contrário não teria conhecido esse pedaço único de El Paso.
O livro é contado por 3 pontos de vista, Juan, JD e a mãe do protagonista, o que torna a narrativa dinâmica instigando o leitor a continuar sempre, naquela sede de resoluções ou ás vezes uma mera "fofoca" no contexto da história claro.
Um aspecto que me chamou muito a atenção no livro foi o do autor retratar personagens loosers: dois melhores amigos que são péssimos no basquete e mesmo assim um deles insiste numa bolsa para fugir dali, o outro quer ser cineasta mas não tem jeito com a câmera, nem os equipamentos necessários, e uma jovem mãe frustrada, com um namorado desprezível num emprego de quinta categoria. Sério, foi o suprassumo e o principal motivo que me fez ter vontade de ler, fugiu totalmente do convencional.
Outra coisa que vale a pena ressaltar é o "teor" do livro que é bem pra baixo e por muitas vezes pesado, justamente por tratar de assuntos como gravidez na adolescência, racismo, xenofobia, etc. Tudo muito bem costurado de modo a não ficar perceptível nem exagerado, até nisso o autor teve cuidado.
Esperei que tivesse temática LGBT e road trip, infelizmente não tivemos nada disso, 98% da história se passa nas redondezas próximas a casa de Juan, na dos seus amigos ou no seu avô, quando eles planejam a viagem e botam o pé na estrada o livro acaba, mas isso não é um ponto negativo serve mais de aviso caso alguém espere isso como eu.
Juan é o retrato da inocência que se deixa levar pelo(s) melhor(es) amigo(s) sempre resultando em encrenca, a primeira delas por exemplo, ele nem sabe o motivo de ter corrido dos policiais e isso perdura pelo resto da história. O motivo dele ser assim? Ainda não consegui descobrir, suspeito que seja excesso de bondade e confiança nas pessoas ao seu redor.
O autor foi bem injusto de certa forma dando aquele final para Juan porém
fazendo sentido a proposta do livro que nesse aspecto lembrou bastante
Cartas para Martin
mas sem a parte da militância, obrigado. Tem violência gratuita para todos os
gostos durante a história o que pode gerar gatilho nos desavisados e raiva nos
leitores mais "sangue frio", infelizmente isso é parte da realidade em que
vivemos, o autor nem deve ter inventado nada.
Só lembrando que El Paso
também é onde
Ari e Dan
é ambientado 😉
Cruel, real e necessário. Seria muito interessante se alguma editora daqui publicasse esse livro para ter um maior alcance entre o público brasileiro, estou torcendo para que isso aconteça muito em breve.
Quotes:
His footage could be better edited into a nightmare than a documentary.
O vídeo dele parecia mais com um pesadelo do que um documentário.
That you are an x and your friends are y’s, all three of you different variables but equally fucked.
Que você é um x e seus amigos são y's, todos os três diferentes variáveis mas igualmente fodidos.
Religion and faith were just two more things Juan was born without.
Religião e fé são apenas mais duas coisas que Juan nasceu sem.
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