Hora de Ler: Um Conto de Natal

Olá galerinha, tudo bem com vocês? Feliz ano novo e sejam muito bem vindos a primeira postagem do ano, prometo ser mais ativo no blog em 2022 e nada melhor do que entregar conteúdo logo nos primeiros dias não é mesmo?!

Scrooge é um homem avarento, muquirana, miserável e mão de vaca. Para ele, até mesmo o Natal parece um enorme desperdício de tempo e de dinheiro. Em mais uma lastimável noite natalina, o fantasma de seu sócio Marley aparece para assombrá-lo e lhe fazer um alerta: Scrooge será assombrado por três espíritos, que lhe mostrarão seus erros (e as consequências deles) no Natal passado, presente e futuro.

Essa história dispensa apresentações, a sinopse foi só para dar um norte pois o que realmente importa aqui são os "feels" que no caso é a minha experiência com o livro no geral.
Não é a primeira vez que leio essa obra e insisti por dois motivos: estava em época de Natal, e quero conhecer Dickens melhor esse ano então fiz um combo de motivos para reler, dar uma segunda chance e depois descascar a lenha aqui no blog (brinks!).

De fato o livro moldou o que conhecemos como Natal, mais curioso ainda é o contexto histórico no qual Dickens estava precisando de dinheiro urgente, além do fato que na época o Natal estava de certa forma "proibido" na Inglaterra daí ele publica essa história como uma tentativa de nostalgia e conquista o público não só da época, como até hoje continua a ser cultuado em todo o mundo, a famosa história que nunca envelhece apesar de explorarem até a última vírgula com suas adaptações.

Dado esse contexto a história tem uma premissa legal, fantasmas, perdão, um cara sovina PORÉM o meu problema todo, repetindo O MEU PROBLEMA, é Dickens ser muito positivista onde tudo dá certo com felizes para sempre e aquela pitada de pregação falando de deus e os apóstolos, a manjedoura etc, isso sem citar as descrições que apesar de terem um papel fundamental na narrativa (elas moldam a história e vão contra o fato de Scrooge ser pirangueiro) torna a leitura cansativa mesmo se tratando de uma novela com mais ou menos 100 páginas.

Em vários momentos dei aquela revirada de olho em que vi o cérebro de tão cringe foram as situações descritas, as lições sendo dadas e "tudo vai ficar bem no final" sério, isso me irrita bastante e talvez por esse traço tão presente nas obras do autor fique na dúvida se darei uma terceira chance ou não. Que ele é um ótimo contador de histórias isso é inegável mas a execução por vezes é maçante; os jogos de palavras são muito presentes aqui dando uma certa satisfação ao leitor e mostrando a genialidade do autor.

Em contrapartida fui atrás das milhões de adaptações que fizeram desde o seu lançamento (Spoiler: não vou falar de nenhuma aqui, quem quiser basta pesquisar) e me deparei com uma versão pra lá de moderna do conto pelo escritor China Miéville quão grata foi minha surpresa!
Apesar de ter um viés político a história é muito criativa, atual, e "doida" totalmente oposta a utopia de Dickens.

Num futuro indeterminado, tudo o que diz respeito ao Natal foi transformado em marcas registradas: os festejos só podem ocorrer sob licença. Neste texto, o escritor britânico China Miéville visita um tópico dos contos dedicados a essa temporada – o roubo do espírito natalino – e o relê em chave política.

Quem chegou até aqui pode estar pensando que sou um Scrooge, mas na verdade fico pensando "qual o motivo de tanta generosidade apenas uma vez por ano?" através disso cada vez mais confirmo a falsidade e a data comercial que é o Natal, a única coisa que me irrita nisso tudo, esse "milagre" descrito na obra de Dickens através do "espírito natalino" 🙄

Dessa vez abri a mente para muita coisa e por conta do Espírito de Natal leva 4 estrelas pra Papai Noel não chorar. Concordo que há lições a serem tiradas do livro mas me contenho pra não virar uma crítica ácida a forma como elas são mostradas na obra.