Olá galerinha, tudo bem com vocês? O livro de hoje pode se chamar de surto
literário, nem eu estava preparado, mas bora conferir?!
Um estranho no ninho é protagonizado por R. P. McMurphy, preso que escapa da
condenação fingindo-se de louco.
McMurphy é então internado em um hospício, sob a tutela da sádica Chefona, a
enfermeira Ratched, que comanda os internos com suas rigorosas sessões de
terapia e eletrochoque. Aos poucos, McMurphy percebe que o hospício pode ser
muito pior que a prisão, nesse novo universo cercado de pacientes inseguros,
ansiosos e constantemente dopados; pessoas que buscaram refúgio da sociedade
no hospício. Um livro peculiar, mas muito realista.
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Esse ano estou numa vibe de pegar o que estava há muito tempo na fila de
espera no que se diz respeito a leituras, é aqui onde entra o livro de hoje e
só para contextualizar como faziam séculos desde a última vez que li a sinopse
da obra foi uma surpresa pois de nada sabia até de fato iniciar a leitura,
dito isso podemos continuar.
O livro é narrado por Vassoura (Broomdem no original), dividido em 4 partes
sendo a primeira a mais importante pois serve como introdução e igualmente
maçante até a metade quando as coisas começam a de fato acontecerem. Junto com
a intro temos o primeiro choque ao se deparar com a obra nada usual, afinal de
contas o narrador tem graves problemas mentais e em meio as descrições
entramos em seus delírios. Muitas vezes fiquei me perguntando "isso está
realmente acontecendo ou é viagem dele?" lembrando que esse "estilo" permeia o
livro todo mas posso garantir que nos acostumamos e conseguimos distinguir a
realidade das digressões embora seja um pouco desconfortável ás vezes ter o
fluxo da história interrompido por uma alucinação.
A briga de gato e rato de Mc Murphy com a Chefona é digna de menção, a
revolução que ele faz na ala também. Notamos um começo de arrependimento dele
com o plano de trocar a cadeia pela clínica mas não fica claro em meio ao
sarcasmo impregnado nele talvez como modo de sobreviver aquele inferno e se
blindar do que realmente importa.
Gostei por ser uma leitura tão única, diferente, cheia de experimentações,
levando o leitor a ser desafiado. Ele trata de um assunto sério com
naturalidade nos colocando ali naquele ambiente tenso, insalubre, nos fazendo
presenciar torturas, abusos e todo tipo de atrocidade imaginável com um ser
humano, apenas por ter problemas mentais agravados pela maldade da enfermeira
Chefona quem comanda a ala.
Esse é daqueles que os personagens nos cativam e no fim ficamos com saudade
deles tão intensa foi a convivência durante a leitura.
O fim de Mc Murphy foi bem surpreendente embora eu não tivesse noção do que
esperar mesmo já por dentro do livro; o autor brinca com os possíveis rumos da
história e faz questão de que nada seja previsível a ponto de cada linha
seguinte seja uma surpresa atrás da outra.
Incrível, pois quando falamos de plot twist esperamos muita ação, explosão e
aqui ele vai contra todas as convenções criando viradas inesperadas e ainda
assim "calmas" sem muito estardalhaço ou quase nenhuma ação.
Bem diferente das leituras que costumo fazer sinto que estou adentrando esse
espaço da literatura existencial, pois me conhecendo eu não teria continuado a
leitura se tivesse pego essa obra há uns anos atrás por exemplo.
Adianto que não se deve esperar nada só pegue na mão do autor e deixe-o
conduzir por esse universo desconhecido de um hospital psiquiátrico e curta o
passeio sem muitas perguntas, no final você será devidamente recompensado. É
daquelas leituras em que sentimos uma paz, quase uma sensação de dever
cumprido no fim da leitura, ao mesmo tempo marcante seja pelo ambiente nada
convencional ou seus personagens mais fora das convenções ainda.
Leiam se puderem.
PS: Ainda sobre adaptações, tem o filme icônico mas também a série Ratched na Netflix centrada no passado da Chefona. Fica a dica para quem curtiu a história.
Quotes:
O rosto humano é capaz de revelar muito mais do que é possível tolerar cara a cara.
Às vezes, os objetivos pessoais de um manipulador são simplesmente o rompimento mesmo da ala, apenas pelo prazer do rompimento.
O segredo de ser um malandro nota dez está na capacidade de saber o que é que o pato quer, e em fazê-lo acreditar que vai conseguir.